quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Do Mundo Nada Se Leva (You Can't Take It With You) - 1938





 Todos nós já ouvimos alguma vez na vida o conhecido ditado popular "dessa vida nada se leva". Com base no ditado e com roteiro baseado numa peça da Broadway de grande sucesso, ganhadora do Prêmio Pulitzer, Do Mundo Nada Se Leva conta a história do encontro de duas famílias, os Sycamore e os Kirby. Anthony P. Kirby (Edward Arnold) é um rico empresário que está expandindo seus negócios. Ele precisa comprar todos os terrenos em volta da fábrica de seu concorrente, afim de impedi-lo de crescer. Porém, um dos donos dos terrenos não quer vendê-lo, o que começa a incomodar o empresário. 
Ele porém tem outros problemas para resolver, problemas familiares. Seu filho, Tony (James Stewart) está apaixonado por sua secretária, a doce Alice Sycamore (Jean Arthur), e ele e sua esposa estão preocupados com o futuro do filho. Alice, apesar de boa moça, é de família humilde, mora com seu avô, Martin Vanderhof (Lionel Barrymore) e várias pessoas da sua família no subúrbio, inclusive com alguns amigos da família. 
Na casa de Alice, todo mundo faz apenas o que gosta, sem se importar com dinheiro. Quando Tony finalmente a pede em casamento, Alice hesita em apresentar sua família aos pais do noivo, mas Tony insiste. Ao descobrir que Martin é na verdade o dono do terreno que se recusa a vender sua propriedade, Anthony já vai contrariado ao encontro das duas famílias. O choque entre as duas realidades é muito grande, tão grande que mudará o destino das duas famílias.

Frank Capra abocanhou seu segundo Oscar como Melhor Diretor essa divertida comédia romântica. Os destaques são a atuação de Barrymore, que merecia uma indicação pelo menos de Melhor Ator (o ator, que sofria de artrite, machucou o quadril pouco antes do longa começar a ser filmado, e só conseguia andar de muletas, então o roteiro foi adaptado para que ele pudesse filmá-lo), e de Spring Byington. Ao encarnar a mãe de Alice, uma escritora de novelas bastante atrapalhada e divertida, Byington ganhou uma indicação ao prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante. Além desta indicação, a produção concorreu nas categorias Melhor Roteiro, Melhor Som, Melhor Edição e Melhor Fotografia.

O presidente da Columbia na época não queria pagar os $200.000 que os autores pediam pelos direitos da peça, ainda mais para Frank filmá-lo. Eles haviam brigado muito na finalização do filme anterior dirigido por Capra, e só um ano depois foi que o diretor conseguiu convencer o presidente a pagar pelos direitos.
Acho que uma das coisas que mais gosto em uma produção é sua capacidade de me fazer refletir sobre seu tema. Quando terminei de assistir o filme, comecei a pensar no estilo de vida de Martin e em seus ideais. Até que ponto ele está certo? Até que ponto é viável fazermos apenas o que gostamos e tentar viver através disso? Infelizmente, as coisas são muito mais fáceis no mundo mágico do cinema. Apesar de acreditar que dinheiro não é o mais importante, penso que nem sempre é possível que façamos apenas o que queremos. Tampouco acredito que tenhamos que viver amarrados em empregos e situações que nos façam infelizes. O que fazer então? Acho que a busca por um meio termo seria o ideal. Feliz daquele que faz o que ama e faz disso o seu ganha pão!