sexta-feira, 28 de março de 2014

Hamlet (Hamlet) - 1948

De acordo com alguns críticos atuais e da época, a adaptação da peça de Shakespeare para o cinema feita por Sir Laurence Olivier é a melhor já realizada. A peça tem duração de 4 horas, mas o filme tem “apenas” duas horas e meia, à custa de vários cortes, inclusive de personagens importantes, o que gerou uma série de críticas pelos fãs do dramaturgo inglês. O filme foi o segundo dirigido pelo ator, a primeira versão da peça para o cinema, o único dirigido por ele a ganhar o prêmio máximo da Academia e única adaptação de Shakespeare a levar o mesmo prêmio.


Fora tudo isso, o filme é bastante chato, não posso negar. Estava bastante ansioso por ver o famoso Hamlet nas telas, ainda mais com Olivier na pele do Príncipe da Dinamarca. Mas a linguagem datada, o tamanho do filme e a interpretação realmente exagerada de Olivier me deixaram bastante decepcionado.  E olha que ele também ganhou o Oscar de Melhor Ator, o único de sua carreira (fora os dois honorários).


A história começa com Hamlet sendo contactado pelo espírito de seu pai, o Rei Hamlet (voz do próprio Laurence), que lhe conta que foi assassinado pelo próprio irmão, o Rei Claudius (Basil Sydney) e traído por sua esposa, a Rainha Gertrude (Eileen Herlie). Os dois se casaram apenas dois meses após a morte do Rei, o que deixou Hamlet inconformado. Em honra à memória de seu pai, o jovem príncipe acaba abrindo mão de seu grande amor, Ophelia (Jean Simmons), e ganha fama de louco para levar até o fim seu plano de vingança.

Os pontos fortes do filme são a interpretação de Jean Simmons, principalmente nas cenas de loucura da personagem que lhe renderam a indicação a Melhor Atriz Coadjuvante, e de Eileen Herlie, que na época tinha apenas 28 anos (Olivier, seu filho no filme, tinha 40).

A fotografia é bem interessante, com técnicas de profundidade que estavam apenas começando a serem usadas naquela época, e que renderam a estatueta de Melhor Direção de Arte em Preto-e-Branco. O diretor explicou que filmou em preto-e-branco para maior dramaticidade.

Outra parte muito legal é a cena do duelo, muito bem coreografada. A cena em que Hamlet se precipita sobre o Rei, saltando de um lugar mais alto, foi a última a ser gravada, pois temia-se que ele se machucasse e não pudesse concluir as filmagens. Ele saiu ileso, mas o dublê que fazia o rei perdeu dois dentes e desmaiou com o impacto.

Já os pontos fracos são a interpretação do próprio Olivier que foi, como eu disse, exagerada. Não me entendam mal: não é uma interpretação ruim, só acho que ele acabou ficando caricato e forçado, quase que tentando provar que ótimo ator ele era, como se ele precisasse disso. 

Considerado por muitos o melhor ator do Século XX, acredito que se ele tivesse sido mais natural o resultado teria sido muito melhor. Sinto-me até desconfortável em criticar Olivier, um dos atores que mais gosto, mas realmente foram essas as minhas impressões.

Hamlet foi o primeiro filme inglês a ganhar o Oscar de Melhor Filme. Além dos prêmios já citados, ele ainda venceu na categoria Melhor Design (Figurino) em Preto-e-Branco. Olivier ainda dirigiu mais duas adaptações de Shakespeare, Henry V e Richard III , considerados pela crítica muito melhores que este.