sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Como Era Verde o Meu Vale (How Green Was My Valley) - 1941

Como Era Verde o Meu Vale ficou para sempre marcado na história do cinema como o filme que tirou o Oscar de Melhor Filme de Cidadão Kane. Um dos filmes mais aclamados de todos os tempos (alguns julgam ser o melhor de todos), Cidadão Kane perdeu a estatueta para este clássico do diretor John Ford, que dirigiu a adaptação (mais uma vez) de um livro de muito sucesso escrito por Richard Llewellyn.

Além desse fato marcante, no entanto, não há muito do que se lembrar deste longa. Projetado para ser um épico de 4 horas e rivalizar com ... E o Vento Levou, o filme passa longe de ser tão interessante quanto seu suposto "rival".

A história se passa no País de Gales, no início do Século XX, e é narrada pelo protagonista já aos 60 anos. Huw Morgan (Roddy McDowall) é um garoto que vive em uma pequena cidade, onde é instalada uma mineradora de carvão. Seu pai (Donald Crisp) e seus quatro irmãos mais velhos trabalham na mina, enquanto a mãe (Sara Allgood) e a irmã Angharad (Maureen O'Hara) cuidam da casa.

Tudo vai bem até que a Mineradora começa a diminuir os salários dos trabalhadores, levando-os a uma greve. O pai de Huw se recusa a aderir, o que leva os irmãos mais velhos a sairem de casa, para o desgosto do pai. Huw ve o clima em casa melhorar quando aparece em sua casa a jovem Bronwyn (Anna Lee). Encantado pela moça, ele tem o coração partido quando sabe que ela veio para noivar e casar-se com seu irmão mais velho.

No casamento do irmão, Angharad conhece o novo pastor da cidade, Mr Gruffydd (Walter Pidgeon). Ambos se apaixonam, porém o pastor não consegue retribuir ao amor de Angharad pois sabe que ela levaria uma vida de necessidades ao seu lado. Ela não vê alternativa a não ser casar-se com o filho do dono da Mineradora, e se mudam para outra cidade.

Aos poucos, o jovem Huw começa a perceber que sua família já não é mais a mesma, sua vida não é mais a mesma e seu vale não é mais tão verde como era antes, agora manchado pela fuligem do carvão.  Sua ingenuidade e inocência se vão junto com o verde do vale que ele tanto ama.

O menino Roddy McDowall não deixa nada a desejar a seus colegas de trabalho no quesito interpretação. Ele e Sara Allgood no papel da mãe (indicada a Melhor Atriz Coadjuvante) são o melhor do filme, que apesar de ser meio chatinho, é um clássico, não é mesmo?

Alguns fatos interessantes sobre o filme: ele deveria ter sido dirigido por William Wyler, conhecido por ser perfeccionista. Ele seria rodado no próprio País de Gales, mas a Segunda Guerra Mundial acontecia por lá, o que inviabilizou a gravação (obviamente). Um set foi então construído na California, mas Wyler não se contentou ao saber que as flores das locações não eram iguais às flores descritas no País de Gales do livro. Ele decidiu então filma-lo em preto-e-branco, para assim ficar perfeito. Com a saída dele e a contratação de John Ford, o filme acabou ficando sem cor mesmo, para não atrasar a realização do filme, que durou apenas dois meses.

Além do Oscar de Melhor Filme, Como Era Verde o Meu Vale levou ainda as estatuetas de Melhor Diretor, Melhor Fotografia em Preto-e-Branco, Melhor Direção de Arte em Preto-e-Branco e Melhor Ator Coadjuvante para Donald Crisp.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Rebecca, A Mulher Inesquecível (Rebecca) - 1940

 "Nunca houve mulher como Rebecca". A frase, dita por muitos personagens do filme, acaba se tornando uma verdade. Realmente, como Rebecca, nunca houve. Em nenhum outro filme que eu me lembre de ter visto a personagem-título do filme não aparece em cena, NENHUMA vez. É apenas lembrada e idolatrada por (quase) todos os outros personagens, e de certa forma, ainda assim conduz toda a história.

Uma história tão intrigante não poderia ser contada por ninguém menos que Alfred Hitchcock, no seu único longa a levar o Oscar de Melhor Filme. Hitchcock ainda era pouco conhecido quando foi convocado a fazer a adaptação para o cinema de um dos best sellers da época, Rebecca, de Daphne du Maurier. O filme é o primeiro longa-metragem americano do diretor.

Tudo começa em Monte Carlo, quando um garota (Joan Fontaine) está passeando e se depara com uma cena assustadora: um homem olha para um penhasco, como se fosse se atirar dali. Ela grita, o homem acaba dando uma bronca nela e ela sai correndo, voltando para o hotel onde está hospedada como dama de companhia da mal-humorada Edythe Van Hopper (Florence Bates). Logo ela é apresentada pela própria Van Hopper ao rapaz do penhasco, Maximilian "Maxim" de Winter (Laurence Olivier). 

Logo os dois estão apaixonados e a garota se torna a Sra de Winter (durante todo o filme, seu nome não é revelado, sendo apenas chamada de Sra de Winter). Maxim a ela para sua casa na Nova Inglaterra, uma propriedade lendária conhecida como Manderley. Lá, porém a Sra de Winter terá que enfrentar uma sombra que ficará ao redor de si e de seu casamento: Rebecca

Rebecca fora a primeira mulher de Maxim, e havia falecido há alguns anos em um naufrágio. O Sr de Winter sofrera muito com a morte da esposa, que era adorada não só pela família e amigos como também pelos empregados. Entre os empregados está a governanta da casa, a Sra Danvers (Judith Anderson), confidente e amiga íntima de Rebecca, que a idolatra como a uma deusa e vai tornar a vida da nova Sra de Winter um inferno. Porém, aos poucos, a Sra de Winter começa a descobrir alguns fatos da vida de Rebecca que são aparentemente desconhecidos de todos, e uma grande revelação pode colocar o seu casamento dos sonhos em risco para sempre.

Alguns pontos me chamaram muito a atenção para esse filme, que sem dúvida até agora é o meu preferido dentre os que já escrevi (sim, é melhor que ... E o Vento Levou). Primeiro, claro, o suspense magistralmente orquestrado por Hitchcock. A "presença" de Rebecca é tão vívida que eu tive que assistir novamente ao filme para ter certeza de que ela não aparecia em nenhuma cena.

A Sra Danvers de Judith Anderson foi a primeira grande vilã do cinema (e eu tenho uma certa predileção pelas vilãs, cá entre nós) e levou a atriz a ser indicada como Melhor Atriz Coadjuvante. Hitchcock queria que o espectador a visse sob o ponto de vista da heroína do filme, constantemente assustada com as aparições da Sra Danvers. Por isso, quase nunca a vilã é vista andando, parece que ela flutua. Além disso, o diretor a instruiu a tentar não piscar durante as cenas, dando um ar ainda mais assustador a ela. Aproveitando-se da ingenuidade e falta de confiança da personagem de Fontaine, Anderson consegue brilhar nas cenas mais cruéis, roubando as cenas em quase todas elas. O final que Hitchcock deu a ela é diferente do livro, muito mais interessante, e com um dos efeitos especiais mais inovadores para a época.

Joan Fontaine e Laurence Olivier são incríveis juntos e compartilharam também as indicações a Melhor Ator e Melhor Atriz. Apesar de Olivier maltratar a colega durante as filmagens (ele tinha um caso com Vivien Leigh e queria ela no papel de sua esposa), a química entre eles é muito boa, e Fontaine consegue dar muita veracidade ao papel, apesar de ser seu primeiro filme. Hitchcock notou que o modo como Olivier tratava a colega deixava ela bastante tímida e deslocada, exatamente como a personagem dela deveria ser. Sendo assim, ele disse à novata atriz que todos no set odiavam ela, deixando-a ainda mais sensível.

Apenas por ter sido indicado em onze categorias e ser um ganhador de dois Oscars (o outro por Melhor Fotografia em Preto-E-Branco, uma exigência do diretor que queria assim manter o ar sombrio do livro), assistir Rebecca já seria uma obrigação a qualquer cinéfilo. Por se tratar de um Hitchcock, mais ainda! Se ainda não teve a oportunidade de vê-lo e gosta de um bom suspense, não perca tempo! Abaixo tem o link e o vídeo no Youtube! Espero que gostem!





http://www.youtube.com/watch?v=2oLtU9Sj8yo

domingo, 17 de março de 2013

... E o Vento Levou (Gone with the wind) - 1939


Primeiramente devo confessar que tinha um preconceito com ... E o Vento Levou. Não era bem um preconceito: era uma birra! COMO ASSIM um filme terrivelmente chato como esse poderia ter tirado o Oscar de Melhor Filme do MELHOR FILME DE TODOS OS TEMPOS??? Sou um apaixonado por O Mágico de Oz e para mim tal comparação era inconcebível. Isso quando vi os dois filmes, ainda na minha infância. Portanto quando chegou a hora de escrever sobre o vencedor de 1939, meu coração deu aquela apertada e quase arranjei alguma desculpa esfarrapada para falar de Oz ao invés do Vento. Ainda bem que me propus a ver todos os filmes antes de escrever, mesmo os que já assisti antes. Ainda bem.

Como não amar Scarlett O'Hara? COMO?

Vamos do começo. ... E o vento levou conta a história de vida de Scarlett O'Hara (Vivien Leigh), uma garota mimada do sul dos Estados Unidos que está acostumada a ser paparicada por todos e ser tratada como um bibelô de cristal. Todos fazem suas vontades e o que ela mais gosta é ver os rapazes brigando por ela, disputando sua atenção. Scarlett é apaixonada pelo filho do fazendeiro vizinho, Ashley Wilkes (Leslie Howard). Quando durante uma festa ela descobre que ele irá se casar com uma prima, Melanie Hamilton (Olivia de Havilland), Scarlett não consegue esconder sua fúria e, achando encontrar-se sozinha, atira objetos e fala coisas terríveis de Ashley. Porém, ela não está sozinha: Rhett Butler (Clark Gable), um homem neutro nos assuntos políticos entre os estados do norte e do sul, está escondido e acaba ouvindo o segredo de Scarlett, deixando a moça bastante brava. Percebe-se que Rhett se apaixona de cara por ela, mas ela só tem olhos para Ashley. Para fazer ciúmes para Ashley, ela decide se casar com o irmão de Melanie, Charles (Rand Brooks)

Tudo muda quando a Guerra Civil Americana começa e (quase) todos os homens decidem se alistar no Exército. Rhett não se alista e acaba, durante a guerra, servindo de apoio tanto a um lado quanto ao outro, nunca se comprometendo. Charles morre na Guerra e Scarlett passa a viver em Atlanta com Melanie, à espera da volta de Ashley. Os tempos de guerra trazer pobreza, fome e terror para Atlanta e Scarlett começa a servir como enfermeira no exército do Sul. Muitas vezes ela precisa da ajuda de Rhett, e os dois acabam se envolvendo em um jogo de amor e ódio. Cansada de tanto sofrimento, ela decide voltar para sua bela fazenda, Tara, somente para descobrir que nunca mais seu mundo seria o mesmo.

Com cenas épicas e magníficas (como a da famosa frase "Jamais sentirei fome novamente", ... E o Vento Levou é um drama épico que nos traz a figura perfeita da anti-heroína, uma vez que ao mesmo tempo torcemos para a felicidade de Scarlett, ficamos impressionados com a falta de caráter e bom senso da moça. Uma personagem HUMANA, que erra tentando acertar, que como todos nós tem seu lado egoísta. É muito fácil nos identificarmos com ela. Creio eu que este é um dos motivos para ela ser tão famosa e tão amada pelos fãs do cinema.

... E o Vento Levou é uma adaptação do romance homônimo de Margaret Mitchell, que vendeu os direitos dele ao produtor David O. Selznick por 50.000 dólares. Selznick imediatamente começou a trabalhar com os roteiristas e começou uma verdadeira histeria em torno do filme. Os fãs do livro começaram a especular quem seriam os protagonistas e o produtor começou a escalação. Clark Gable não queria participar do longa, e foi convencido com um bônus em dinheiro que daria a ele condições de separar-se de sua segunda mulher. 

Para a disputa pelo papel de O'Hara, Bette Davis, Katharine Hepburn, Jean Arthur, Lucille Ball, Tallulah Bankhead, Joan Crawford e Olivia de Havilland foram consideradas para o papel, entre outras 1400 atrizes. Um concurso chamado "Em busca de Scarlett O'Hara" foi realizado pelo produtor, sem sucesso. Dizem que foi apenas um artifício do produtor para dar publicidade a um filme que nem tinha arrecadado recursos ainda. A história mais famosa que conta como Leigh foi escolhida é que ela foi apresentada ao produtor por seu irmão, já durante a gravação da primeira cena do filme (a sequencia do incêndio em Atlanta). Myron Selznick teria dito ao irmão "David, conheça sua Scarlett O'Hara".

Assim como seus personagens no filme, Vivien e Clark não se davam bem na vida real. Ele achava um absurdo uma inglesa no papel de uma americana sulista e ela detestava o hálito dele, entre outras picuinhas. 

A ansiedade do público em torno do filme era enorme, tanto que para a pré-estreia, o produtor avisou ao dono do cinema onde seria exibido o filme que as pessoas seriam convidadas a assistirem a uma pré-estreia sem saber de que filme se tratava, sendo a sala selada e proibidos os telefonemas. O dono concordou, com a condição de que poderia ligar para sua esposa e mandá-la ir imediatamente para o cinema, sem mencionar o filme que seria exibido. Feito isto e trancada a sala, a platéia gritava exultante quando o filme começou a ser exibido. 

O longa foi um dos mais indicados ao Oscar de todos os tempos, com 13 indicações. Levou oito: Melhor Filme, Melhor Diretor para Victor Fleming (coincidentemente o mesmo direto de O Mágico de Oz), Melhor Atriz, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia, Melhor Montagem e seu prêmio mais controverso, Melhor Atriz Coadjuvante. Hattie McDaniel foi a primeira atriz afro descendente a ser indicada ao Oscar, e a ganhá-lo. Porém, ela não pode ir receber o prêmio devido às leis racistas da época. Clark Gable ficou tão indignado da colega não poder ir à premiação que quase desistiu de ir também, sendo convencido pela própria a não faltar à entrega dos prêmios.

... E o Vento Levou é um daqueles filmes que chamamos de Clássico dos Clássicos, um daqueles que nos remete à época de ouro dos grandes filmes, das disputas entre os estúdios e os atores. Um filme longo (quase 4 horas de duração), mas nunca cansativo. Um Clássico com C maiúsculo, como poucos.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Do Mundo Nada Se Leva (You Can't Take It With You) - 1938





 Todos nós já ouvimos alguma vez na vida o conhecido ditado popular "dessa vida nada se leva". Com base no ditado e com roteiro baseado numa peça da Broadway de grande sucesso, ganhadora do Prêmio Pulitzer, Do Mundo Nada Se Leva conta a história do encontro de duas famílias, os Sycamore e os Kirby. Anthony P. Kirby (Edward Arnold) é um rico empresário que está expandindo seus negócios. Ele precisa comprar todos os terrenos em volta da fábrica de seu concorrente, afim de impedi-lo de crescer. Porém, um dos donos dos terrenos não quer vendê-lo, o que começa a incomodar o empresário. 
Ele porém tem outros problemas para resolver, problemas familiares. Seu filho, Tony (James Stewart) está apaixonado por sua secretária, a doce Alice Sycamore (Jean Arthur), e ele e sua esposa estão preocupados com o futuro do filho. Alice, apesar de boa moça, é de família humilde, mora com seu avô, Martin Vanderhof (Lionel Barrymore) e várias pessoas da sua família no subúrbio, inclusive com alguns amigos da família. 
Na casa de Alice, todo mundo faz apenas o que gosta, sem se importar com dinheiro. Quando Tony finalmente a pede em casamento, Alice hesita em apresentar sua família aos pais do noivo, mas Tony insiste. Ao descobrir que Martin é na verdade o dono do terreno que se recusa a vender sua propriedade, Anthony já vai contrariado ao encontro das duas famílias. O choque entre as duas realidades é muito grande, tão grande que mudará o destino das duas famílias.

Frank Capra abocanhou seu segundo Oscar como Melhor Diretor essa divertida comédia romântica. Os destaques são a atuação de Barrymore, que merecia uma indicação pelo menos de Melhor Ator (o ator, que sofria de artrite, machucou o quadril pouco antes do longa começar a ser filmado, e só conseguia andar de muletas, então o roteiro foi adaptado para que ele pudesse filmá-lo), e de Spring Byington. Ao encarnar a mãe de Alice, uma escritora de novelas bastante atrapalhada e divertida, Byington ganhou uma indicação ao prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante. Além desta indicação, a produção concorreu nas categorias Melhor Roteiro, Melhor Som, Melhor Edição e Melhor Fotografia.

O presidente da Columbia na época não queria pagar os $200.000 que os autores pediam pelos direitos da peça, ainda mais para Frank filmá-lo. Eles haviam brigado muito na finalização do filme anterior dirigido por Capra, e só um ano depois foi que o diretor conseguiu convencer o presidente a pagar pelos direitos.
Acho que uma das coisas que mais gosto em uma produção é sua capacidade de me fazer refletir sobre seu tema. Quando terminei de assistir o filme, comecei a pensar no estilo de vida de Martin e em seus ideais. Até que ponto ele está certo? Até que ponto é viável fazermos apenas o que gostamos e tentar viver através disso? Infelizmente, as coisas são muito mais fáceis no mundo mágico do cinema. Apesar de acreditar que dinheiro não é o mais importante, penso que nem sempre é possível que façamos apenas o que queremos. Tampouco acredito que tenhamos que viver amarrados em empregos e situações que nos façam infelizes. O que fazer então? Acho que a busca por um meio termo seria o ideal. Feliz daquele que faz o que ama e faz disso o seu ganha pão! 

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Émile Zola (The Life of Émile Zola) - 1937

Émile Zola foi um dos maiores escritores da França do século XIX. Precursor e fundador do Naturalismo, Zola mostrou durante sua carreira que não se intimidava pelas autoridades da época, o que ficou claro na cinebiografia da Warner Bros intitulada Émile Zola, dirigida por William Dieterle, em 1937.

O filme começa com o escritor (Paul Muni) dividindo um pequeno quarto com o pintor Paul Cézanne (Vladimir Sokoloff) em Paris. O quarto é tão simples que Émile está preenchendo os vãos das janelas com trapos, afim de diminuir o frio. Batidas na porta e os amigos pensam ser o dono do quarto, cobrando o aluguel. Émile finge estar doente pois ambos não tem dinheiro para pagar. No entanto são a mãe e a noiva de Émile, Alexandrine (Gloria Holden), com boas notícias: conseguiram para ele um emprego em uma livraria.

Zola já havia publicado alguns livros, mas ainda estava longe de alcançar a fama. De forma inusitada, ele conhece uma prostituta (Erin O'Brien Moore) que mudaria sua vida. Ele e Cézanne estão em uma taverna quando ela entra fugindo da polícia. Ao ser expulsa pelo dono, é surpreendida pelo convite dos amigos para sentar-se com eles, conseguindo assim escapar de mais uma das surras da polícia. Interessado na triste história da prostituta, Zola a acompanha até seu quarto e ou ve toda a sua história. Daí surge a inspiração para um de seus maiores sucessos: Naná, o livro que o tornou famoso.

Sempre tratando de assuntos polêmicos e que falam não apenas da natureza humana mas também sobre a sociedade e suas doenças, Émile é despedido e acaba chamando a atenção do governo, que começa a persegui-lo. Porém, ao ameaçar escrever um livro sobre a corrupção no governo francês, ele é deixado em paz e segue uma trilha de sucesso.

Anos depois, já casado com Alexandrine e morando em uma grande mansão, Émile recebe a visita de seu amigo Cézanne, ainda pobre e desconhecido, e após um diálogo bastante sincero, onde o amigo lhe diz que ele agora estaria acomodado e era apenas uma sombra do revolucionário que fora, começa a repensar sua vida e carreira. 

Enquanto isso, uma traição é descoberta no Exército francês. Um dos oficiais é um espião e está traindo a França informando os alemães sobre segredos militares. Ao analisar a lista dos oficiais de plantão, o alto escalão do Exército acusa o Capitão Alfred Dreyfuss (Joseph Schildkraut) de traidor. Preso e condenado em um julgamento sem provas concretas, Dreyfuss é humilhado perante a população de Paris e exilado para a Ilha do Diabo, onde deverá cumprir a prisão perpétua.

Anos depois, quando alguns cargos do alto escalão do Exército são trocados, o novo Chefe da Inteligência, Coronel Picquart (Henry O'Neill), descobre que na verdade haviam condenado um homem inocente. Portando provas e evidencias concretas do erro cometido pelo julgamento anterior, ele procura seus superiores, que o mandam guardar segredo afim de proteger a honra do Exercito e o mandam para um posto distante na Africa.

A esposa de Dreyfuss, Lucie (Gale Sondergaard), ainda está buscando por justiça e pela verdade, mesmo anos depois. Após receber de Picquart (agora preso) todas as evidências da inocência de seu marido, ela procura Zola, pedindo que interceda no caso. Zola acaba de receber a notícia que será aceito na Academia de Letras Francesa, e deve agora escolher entre o conforto de seu sucesso ou a luta pelos ideais nos quais sempre acreditou.

Segunda biografia a ganhar o Oscar de Melhor Filme, Émile Zola mostra como um escritor pode influenciar toda uma sociedade. A busca do escritor pela verdade e pela justiça, tanto em sua vida particular quanto em suas obras, é emocionante e nos faz pensar sobre o quanto somos capazes de aguentar na defesa de nossos ideais.

As atuações de Muni e de Schildkraut (que lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante) são impecáveis. Enquanto Muni realizou sua melhor performance (de acordo com alguns críticos, ele só não levou o Oscar pois havia ganhado no ano anterior por seu papel em The Story of Louis Pasteur), Schildkraut se destacou pela dramaticidade. A dor de ser condenado a uma "morte em vida" está nos olhos do ator, e o diretor conseguiu captar com maestria. As cenas do julgamento de Dreyfuss e posteriormente de Zola são daquelas clássicas cenas de tribunais, onde vibramos com cada jogada da defesa e da promotoria. 

Além dos prêmios de Melhor Filme e Melhor Ator Coadjuvante, Émile Zola ganhou ainda Melhor Roteiro, e foi o primeiro filme a ser indicado a 10 prêmios, sendo as outras indicações Melhor Ator, Melhor Diretor, Melhor Direção de Arte, Melhor Diretor Assistente, Melhor Trilha Sonora, Melhor Som e Melhor História Original. Um filme muito interessante, divertido e fácil de assistir. 

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Ziegfeld - O Criador de Estrelas (The Great Ziegfeld) - 1936

Florenz Ziegfeld Jr (William Powell) foi um dos maiores produtores da era dourada da Broadway, se não o maior, no início do século XX. Sua vida é retratada neste filme da MGM dirigido por Robert Z. Leonard que levou o prêmio de Melhor Filme em 1937. Sua história começa a ser contada quando iniciou seu trabalho no show business e ainda trabalhava em uma feira em Chicago promovendo Sandow (Nat Pendleton), o "Homem Mais Forte do Mundo". Vendo sua atração perder espaço para Little Egypt, a dançarina promovida pelo seu concorrente Jack Billings (Frank Morgan), ele consegue reverter a situação quando tem a brilhante idéia de deixar que as mulheres toquem os músculos de Sandow.

Algum tempo mais tarde, encontra Billings novamente em um navio indo para a Europa. Após trocarem algumas palavras, Ziegfeld entende que o rival está indo contratar uma nova estrela para produzir seus shows na América. Contrata então o ajudante do rival e amigo e consegue descobrir o nome da estrela: Anna Held (Luise Rainer). Mais rápido que Billings, e mais astuto, ele consegue entrar em contato com Anna e convence-a a fechar o negócio com ele.

Anna se torna uma grande atração na Broadway, e se apaixona por Ziegfeld e acabam se casando. Algumas situações históricas demonstram o quanto Ziegfeld era esperto para os negócios. Recém contratada por Ziegfeld, Fanny Brice (interpretada por ela mesma) está radiante em seu novo figurino, muito elegante e extravagante. Ao vê-la entrar em cena nos ensaios, Ziegfeld chama os camareiros, manda retirar todos os adereços de seu figurino e coloca um velho xale sobre um vestido simples. Quando a vê chorando e arrasada por não poder usar os lindos figurinos, ela manda que ela cante sua canção. A canção era sobre uma mulher que perdeu seu amado, e, possuída pela emoção, Fanny canta como nunca.

Porém a esperteza do produtor nem sempre consegue livra-lo de seus compromissos financeiros. Megalomaníaco, Florenz acaba por várias vezes falido, e é com a ajuda de Billings que ele consegue sempre se reerguer.

Ele então cria um novo show, The Ziegfeld Follies. Os números vão desde cantores a belas mulheres em coreografias. Os figurinos cada vez mais exuberantes e os cenários fantásticos (ele sempre queria mais degraus em suas escadas) levam Ziegfeld ao sucesso. Porém, sempre rodeado de belas mulheres, Ziegfeld acaba por perder sua esposa e novamente os negócios acabam indo mal. Algum tempo depois, Ziegfeld conhece Billie Burke (Myrna Loy), a mulher que o apoiaria em todos os momentos e com quem se casaria e teria uma filha. A roda gigante de emoções da vida de Ziegfeld vai leva-lo do fundo do poço ao mais alto posto no entretenimento de New York, até que a Grande Crise de 1929 mudaria tudo.

Apesar das mais de três horas de filme, Ziegfeld - O Criador de Estrelas é um musical muito gostoso de se assistir. As histórias e façanhas do produtor nos surpreendem e nos pegamos torcendo e sofrendo com ele quando as coisas não vão tão bem. As cenas reproduzindo seus maiores musicais são fenomenais, com figurinos e cenários impressionantes. A escada em cena na sequencia "A pretty girl is like a melody" é espetacular! Foram necessários meses para a construção do cenário para o filme, e gastos mais de $200.000, muito mais do que Ziegfeld usou para produzir o show completo, segundo antigos contratados dele.
A atuação de Luise Rainer, ganhadora do Oscar de Melhor Atriz pelo filme, é sem dúvida um dos pontos altos do filme. Como a francesa Anna, ela traz a carga dramática ao filme, o que cria um bom contrapeso às engraçadas saídas estratégicas de Ziegfeld. A cena em que ela o congratula pelo seu novo casamento no telefone é uma daquelas que você assiste e pensa "Nossa, ela ganhou o Oscar por causa DESTA cena!". Antológica!

A química entre os atores Powell e Morgan é muito interessante de se notar também. Mesmo os personagens sempre concorrendo um com o outro e disputando os melhores astros e produções, com os atores isso aparentemente não acontecia. Apesar de ambos atuarem muito bem, Morgan (que alguns anos mais tarde ficaria eternizado como o Mágico de Oz) rouba a cena em praticamente todos os encontros entre os dois, que marcaram os principais momentos na carreira de Florenz. A última cena entre eles é de arrepiar.

Para quem gosta de musicais e se interessa em saber como a Broadway se tornou referencia mundial em entretenimento, Ziegfeld - O Criador de Estrelas é um filme indispensável.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O Grande Motim (Mutiny on the Bounty) - 1935

Pelo segundo ano consecutivo, Clark Gable é o protagonista da produção ganhadora de Melhor Filme. O Grande Motim é baseado em um romance (que foi baseado em fatos reais) e nos convida a reviver o maior motim da História, que mudaria para sempre a forma de navegação no mundo. Em 1787, o rei George recruta ingleses à força para missões no mar. Idosos, pais de família e até deficientes são obrigados a embarcar no Bounty. A missão: buscar no Taiti mil mudas de fruta-pão para alimentar os escravos de forma barata nas Índias. Não bastasse a viagem de 2 anos pelo Grande Mar do Sul, o Bounty será conduzido pelo terrível Capitão Bligh (Charles Laughton), cuja fama aterroriza os marujos só ao ouvir mencionado seu nome. À frente do pelotão de recrutamento está o tenente Fletcher Christian (Clark Gable), que assumirá como oficial juntamente com o Capitão e será responsável pela ordem no Bounty.

Ao embarcarem, os marinheiros já tem um aperitivo do que virá a ser sua terrível viagem: um marujo desacatou seu capitão e foi condenado a levar uma dúzia de chibatadas em cada navio atracado no porto. Ao chegar no Bounty, porém, o condenado está morto. Afim de dar o exemplo a todos os seus comandados, o Capitão Bligh manda açoitar o homem mesmo assim. A viagem começa e o Bounty passa a ser mais uma masmorra do que um navio inglês. Cada vez mais cruel e se mostrando corrupto, Bligh mantém a ordem do navio à base do chicote, muitas vezes injustamente. Em um dos episódios, um marinheiro já exausto do trabalho pede água e o Capitão manda que o lancem no mar. Quando é puxado de volta, o marinheiro está morto.

Christian e alguns oficiais, entre eles o cirurgião conhecido como Dr Baco (Duddley Digges), aos poucos começam a demonstrar descontentamento com as ações do Capitão, mas não têm coragem de desafia-lo. Ao se considerar desobedecido em uma ocasião, Bligh manda que o Almirante Roger Byam (Franchot Tone) suba ao alto do mastro principal durante uma tempestade e fique lá até ser liberado do castigo. Fletcher sobe até lá e encontra Byam desacordado. Porém, ao desce-lo, vê-se obrigado a mandar o amigo de volta para o mastro quando o Capitão diz que não deu ordens para que ele descesse.
Ao chegar ao Taiti, o Capitão resolve se vingar de Christian e proíbe que ele desembarque, deixando-o responsável pela preparação do navio para a volta. Em terra, Byam fica  amigo de Hitihiti (William Bambridge), o chefe da ilha. Responsável pela elaboração de um dicionário da língua nativa, ele intercede junto a Hitihiti e consegue que o Capitão libere Christian para desembarcar. Assim que chega à praia, Christian conhece Maimiti (Mamo), e se apaixona por ela. Logo em seguida o Capitão manda chamar Christian de volta ao navio, e com a ajuda de Maimiti, ele manda dizer que não foi encontrado. No dia seguinte, ao voltar para o navio,  Fletcher recebe uma punição do Capitão e a viagem de volta inicia. 

A volta é ainda pior que a ida. Três marujos são acorrentados nos porões do navio pois teriam desembarcado sem permissão. Para regar as mil mudas de fruta-pão, o Capitão Bligh ordena que seja racionada a água aos marinheiros. Ao convocar toda a tripulação para um anuncio, o Capitão é informado de que Dr Baco não poderia comparecer pois se encontrava muito doente. Bligh obriga Byam a ir buscar o médico, e ao constatar que ele não tem condições, Byam volta para dizer que ele tomou a liberdade de deixar o médico descansando. Sabendo do gênio do Capitão, o cirurgião sobe ao convés e acaba morrendo, exaurido de suas forças. Christian desce aos porões para pegar uma arma e ve que os prisioneiros estão sem água. É a gota d'água, e ele decide então liderar o motim.

Em maioria, os amotinados conseguem dominar o navio e, proibidos por Christian de cometer qualquer violência contra o Capitão, colocam ele e os tripulantes fieis a ele em um bote, com comida, água e uma bússola, deixando-os à deriva há 3500 milhas da terra firme. Agora é a hora do Capitão Bligh comprovar sua capacidade de liderar uma tripulação, do Tenente Fletcher Christian mostrar que pode controlar seus amigos amotinados sem o título de capitão e de Byam provar sua lealdade a Christian.

Filmado na Polinésia Francesa e na costa americana, O Grande Motim traz dois grandes atores em um duelo de interpretações incrível. Na pele do cruel capitão, Laughton mostrou uma interpretação perfeita, despertando a revolta até nos espectadores. Dizem que a perfeição de sua atuação se deve ao fato de suas próprias comparações com o galã Clark Gable. Baixinho, acima do peso e com feições nada atraentes, ele teria se sentido diminuido ao lado de Gable, mais bonito do que nunca sem o seu famoso bigodinho (raspado exclusivamente, e a contra-gosto do ator, para as gravações do filme, uma vez que na época os marinheiros ingleses deviam estar totalmente barbeados). Laughton assim teria caprichado além do normal na interpretação, afim de compensar a beleza física do colega de filmagens. Não é a toa que ambos, além de Tone, foram indicados a Melhor Ator, sem, porém, nenhum dos dois ganha-lo. O Capitão Bligh de Laughton é considerado até hoje um dos grandes vilões do cinema.

Apesar de ter ganhado apenas o prêmio de Melhor Filme, tendo sido indicado a várias outras categorias, O Grande Motim foi um dos maiores sucessos de sua época, trazendo muito retorno financeiro para a MGM, tornando-se o terceiro filme do estúdio a ganhar o premio. Foi também o segundo filme dirigido por Frank Lloyd a levar a estatueta. As cenas do motim e do naufrágio são incrivelmente boas para a época, trazendo toda a tensão necessária para a tela. Vários remakes do filme já foram feitos, entre eles um em 1962 com Marlon Brando no papel de Fletcher e um em 1984 com Mel Gibson no papel do amotinado e Anthony Hopkins como o Capitão Bligh.


sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Aconteceu Naquela Noite (It Happened One Night) - 1934

Olá pessoal! Semana passada tive uma viagem e fiquei sem postar, então esta semana serão dois posts. O primeiro é sobre Aconteceu Naquela Noite, filme de Frank Capra que ganhou o prêmio máximo da Academia em 1934. O filme começa com a jovem Ellie Andrews (Claudette Colbert) discutindo com seu pai, Alexander Andrews (Walter Connoly). Ela havia casado há poucos dias e ainda no cartório foi praticamente sequestrada pelo pai, que era contra o casamento e principalmente contra o noivo, King Westley (Jameson Thomas). Eles estão agora em um barco, onde Ellie faz greve de fome para que o pai a deixe voltar para o marido. Ao ver negado seu pedido, Ellie se joga ao mar e consegue escapar e pegar um ônibus para New York
Andrews coloca todos atrás da filha, da polícia a detetives particulares, sem nenhum sucesso. Ellie embarca e no ônibus conhece Peter Warne (Clark Gable), um jornalista com maneiras rudes e bastante sincero. Em uma das paradas, Ellie tem sua mala roubada e Peter tenta alcançar o ladrão, sem sucesso. Todo seu dinheiro estava lá. Quando Peter diz que vai conversar com o motorista para que seja reembolsada, Ellie se desespera e acaba parecendo mal agradecida. Na próxima parada, a mimada Ellie pede que o motorista a espere voltar de um hotel. Quando volta, o ônibus já partiu, mas para sua sorte, Peter a está aguardando. Enquanto ela foi ao hotel, ele descobriu quem ela é, e pretende conseguir seu emprego de volta contando a fantástica história da fuga da rica garota e seu reencontro com o marido.

Quase sem dinheiro, os dois conseguem alugar um quarto e terão que passar por marido e mulher. Para maior privacidade, Peter divide o quarto com um cobertor, ao qual chama "as muralhas de Jericó". Numa das cenas mais engraçadas do filme, ele começa a se despir na frente dela, explicando que cada homem tem sua própria maneira de faze-lo. 

A partir daí, cada momento dessa viagem começa a ser mais complicado e mais interessante, e entre caronas (a famosa cena de Colbert conseguindo carona após mostrar as pernas acontece neste filme) e até carros roubados, os dois começam a perceber que um não é tão insuportável quanto o outro imagina.

Aconteceu Naquela Noite foi o primeiro filme a ganhar os Cinco Grandes Prêmios, ou seja, os grandes prêmios da Academia (Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator, Melhor Atriz e Melhor Roteiro Adaptado). Foi também o primeiro a ganhar todas as categorias às quais fora indicado. 
Colbert, que não queria participar do filme e só aceitou depois de ter seu salário dobrado, não gostou do filme finalizado e não pretendia comparecer à cerimônia de entrega pois iria viajar. Ao saber que havia recebido o prêmio, correu para o teatro usando a roupa que viajaria. 
Conta a lenda que Clark Gable tinha um contrato com a MGM, que concordou em emprestar seu astro à Columbia como um castigo pelas constantes recusas aos roteiros da companhia. Apesar de novas biografias do astro terem desmentido tal história, essa é a versão mais charmosa dos acontecimentos. Ele voltou à MGM como um astro muito maior, e a partir de então foi conhecido como "The King of Hollywood".
O criador dos Looney Tunes, Friz Feleng, afirmou em sua biografia não publicada que Aconteceu Naquela Noite era seu filme preferido, e que o Pernalonga possui muitas características de Peter Warne e outros personagens do filme. O personagem Pepe LePew teria sido inspirado em King Westley.

Apesar de desacreditado até mesmo por sua estrela, a Columbia ganhou seu primeiro Oscar de Melhor Filme com uma comédia romântica muito interessante e gostosa de assistir. Dentre todos os filmes que já escrevi sobre aqui no Claquete Dourada, esse com certeza é o melhor de todos! Não é a toa que até hoje é considerado um dos melhores filmes da história do cinema!