Falar de Casablanca é tão difícil quanto falar sobre ... E o Vento Levou. Quando cheguei no último, parei o blog por meses por não saber por onde começar. São filmes tão grandes e tão famosos que eu penso: quem sou eu pra falar qualquer coisa sobre um filme deste tamanho? Bem, como não quero parar novamente com as postagens, vou tentar fazer o melhor possível passando pra cá minhas sinceras impressões.
O grande sucesso de Casablanca se deu com certeza pela química entre os atores principais: Humphrey Bogart e Ingrid Bergman. Apesar de na vida real os dois mal se falarem e estarem mais interessados em outros filmes que participariam, em ação os dois são um dos casais mais encantadores do cinema. A história dos dois, muito romântica, e os diálogos inesquecíveis só aumentaram o glamour do filme.
Humphrey é Rick Blaine, o dono de um bar em Casablanca, uma cidade do Marrocos considerada uma passagem para longe da II Guerra Mundial. O bar de Rick é ainda mais neutro, recebendo tanto aliados quanto alemães, sempre mantendo o tratamento de ambos igual. Rick tem um fiel companheiro, Sam (Dooley Wilson), o pianista do bar e único amigo de Blaine. Rick tem um passado misterioso, que inclui uma expatriação dos Estados Unidos (pra onde ele não pode voltar de jeito nenhum) e um grande amor, que o leva a pedir para que Sam nunca toque "As Time Goes By", uma canção terrivelmente dolorosa para ele.
Uma noite, Rick recebe no bar um cliente, Ugarte (Peter Lorre), que possui duas cartas de trânsito, um tipo de passe-livre para qualquer pessoa sair de Casablanca em direção à Lisboa, também neutra, e de lá, para os Estados Unidos. Ele as conseguiu matando dois soldados alemães, e a polícia chega para prende-lo. Ele então entrega as cartas a Rick, para que ele as guarde, mas acaba morrendo. Rick tem então duas passagens para sair de Casablanca e fugir da guerra.
Ele então ouve Sam tocar a canção proibida. Pronto para brigar com o pianista, ele acaba desarmado quando vê Ilsa Lund (Ingrid Bergman). Seu amor do passado estava de volta e com o marido, Victor Laszlo (Paul Henreid), ao seu lado. Ele é um dos mais procurados rebeldes contra os nazistas, e só Rick com suas cartas de trânsito poderiam ajudá-lo a sair dali em segurança. A decisão de Rick em relação ao amor de sua vida é outro ponto-chave do sucesso de Casablanca, o final inesperado.
Humphrey Bogart já tinha uma certa fama quando filmou Casablanca, mas depois disso sua vida mudou. O que era para ser apenas um filme secundário, que ele gostaria que acabasse logo, tornou-se o maior sucesso de sua carreira. O jeito cínico e cafajeste de Rick ficou eternizado e com certeza serviu de base para muitos anti-heróis do cinema americano. O papel lhe rendeu a indicação de ao Oscar de Melhor Ator.
Ingrid Bergman também viu sua vida transformada depois de Casablanca. Suas apostas eram para Por Quem os Sinos Dobram, que iria filmar logo em seguida. Testemunhas da época contavam que constantemente ela era vista nos intervalos ligando para seu agente para saber detalhes sobre sua contratação para "Por Quem...". Por ser mais alta que Bogart, ele teve que usar plataformas para atuar quando estava ao seu lado. Por incrível que pareça, este foi o único filme no qual os dois atuaram juntos.
A canção que ao ser tocada traz logo Casablanca às nossas mentes, "As Time Goes By", quase não ficou na versão final do filme. O responsável pelas músicas do filme, Max Steiner, queria escrever ele mesmo a música tema do casal, mas as cenas com a música já haviam sido gravadas e Bergman já estava gravando Por Quem os Sinos Dobram com cabelos mais curtos na época, o que acabou forçando-o a usar a canção. Por não ser uma canção original escrita para o filme, ela não pode concorrer ao Oscar.
O roteiro foi outro ponto difícil pelo qual os produtores tiveram que passar. Ele era baseado em uma peça que nunca havia sido produzida, "Everybody comes to Rick's", e foi reescrito muitas vezes. Casey Robinson, que reescreveu as cenas românticas, não quis ser creditado, e acabou assim perdendo o Oscar de sua vida. Os responsáveis pelo roteiro creditados, os irmãos Julius e Philip Epstein, são os únicos gêmeos a ganharem o prêmio, no caso por Melhor Roteiro.
A direção de Michael Curtiz também foi premiada com o Oscar, e com toda razão. A maneira como ele lidou com todos os imprevistos e contratempos do filme já valeriam a estatueta, mas sua técnica era ainda mais merecedora. Nas cenas finais, no aeroporto, Curtiz utilizou uma técnica que só seria copiada anos depois. Como estavam em guerra, as filmagens noturnas em aeroportos era proibidas. Eles filmaram em uma pista pequena, mas colocaram um avião de madeira pequeno, com anões trabalhando ao redor dele, para dar a impressão de ser uma pista maior. Fantástico, não?
Casablanca tem muitos motivos para ser o filme imortal que é, mas é a soma de todos esses ingredientes que o fazem inesquecível!
Meu filme preferido de toda minha vida! Ficou lindo o texto resume lindamente o filme. E fico mais feliz ainda por a gente ter visto esse filme juntos! Afinal, "Sempre haverá Paris!"
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