quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Do Mundo Nada Se Leva (You Can't Take It With You) - 1938





 Todos nós já ouvimos alguma vez na vida o conhecido ditado popular "dessa vida nada se leva". Com base no ditado e com roteiro baseado numa peça da Broadway de grande sucesso, ganhadora do Prêmio Pulitzer, Do Mundo Nada Se Leva conta a história do encontro de duas famílias, os Sycamore e os Kirby. Anthony P. Kirby (Edward Arnold) é um rico empresário que está expandindo seus negócios. Ele precisa comprar todos os terrenos em volta da fábrica de seu concorrente, afim de impedi-lo de crescer. Porém, um dos donos dos terrenos não quer vendê-lo, o que começa a incomodar o empresário. 
Ele porém tem outros problemas para resolver, problemas familiares. Seu filho, Tony (James Stewart) está apaixonado por sua secretária, a doce Alice Sycamore (Jean Arthur), e ele e sua esposa estão preocupados com o futuro do filho. Alice, apesar de boa moça, é de família humilde, mora com seu avô, Martin Vanderhof (Lionel Barrymore) e várias pessoas da sua família no subúrbio, inclusive com alguns amigos da família. 
Na casa de Alice, todo mundo faz apenas o que gosta, sem se importar com dinheiro. Quando Tony finalmente a pede em casamento, Alice hesita em apresentar sua família aos pais do noivo, mas Tony insiste. Ao descobrir que Martin é na verdade o dono do terreno que se recusa a vender sua propriedade, Anthony já vai contrariado ao encontro das duas famílias. O choque entre as duas realidades é muito grande, tão grande que mudará o destino das duas famílias.

Frank Capra abocanhou seu segundo Oscar como Melhor Diretor essa divertida comédia romântica. Os destaques são a atuação de Barrymore, que merecia uma indicação pelo menos de Melhor Ator (o ator, que sofria de artrite, machucou o quadril pouco antes do longa começar a ser filmado, e só conseguia andar de muletas, então o roteiro foi adaptado para que ele pudesse filmá-lo), e de Spring Byington. Ao encarnar a mãe de Alice, uma escritora de novelas bastante atrapalhada e divertida, Byington ganhou uma indicação ao prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante. Além desta indicação, a produção concorreu nas categorias Melhor Roteiro, Melhor Som, Melhor Edição e Melhor Fotografia.

O presidente da Columbia na época não queria pagar os $200.000 que os autores pediam pelos direitos da peça, ainda mais para Frank filmá-lo. Eles haviam brigado muito na finalização do filme anterior dirigido por Capra, e só um ano depois foi que o diretor conseguiu convencer o presidente a pagar pelos direitos.
Acho que uma das coisas que mais gosto em uma produção é sua capacidade de me fazer refletir sobre seu tema. Quando terminei de assistir o filme, comecei a pensar no estilo de vida de Martin e em seus ideais. Até que ponto ele está certo? Até que ponto é viável fazermos apenas o que gostamos e tentar viver através disso? Infelizmente, as coisas são muito mais fáceis no mundo mágico do cinema. Apesar de acreditar que dinheiro não é o mais importante, penso que nem sempre é possível que façamos apenas o que queremos. Tampouco acredito que tenhamos que viver amarrados em empregos e situações que nos façam infelizes. O que fazer então? Acho que a busca por um meio termo seria o ideal. Feliz daquele que faz o que ama e faz disso o seu ganha pão! 

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Émile Zola (The Life of Émile Zola) - 1937

Émile Zola foi um dos maiores escritores da França do século XIX. Precursor e fundador do Naturalismo, Zola mostrou durante sua carreira que não se intimidava pelas autoridades da época, o que ficou claro na cinebiografia da Warner Bros intitulada Émile Zola, dirigida por William Dieterle, em 1937.

O filme começa com o escritor (Paul Muni) dividindo um pequeno quarto com o pintor Paul Cézanne (Vladimir Sokoloff) em Paris. O quarto é tão simples que Émile está preenchendo os vãos das janelas com trapos, afim de diminuir o frio. Batidas na porta e os amigos pensam ser o dono do quarto, cobrando o aluguel. Émile finge estar doente pois ambos não tem dinheiro para pagar. No entanto são a mãe e a noiva de Émile, Alexandrine (Gloria Holden), com boas notícias: conseguiram para ele um emprego em uma livraria.

Zola já havia publicado alguns livros, mas ainda estava longe de alcançar a fama. De forma inusitada, ele conhece uma prostituta (Erin O'Brien Moore) que mudaria sua vida. Ele e Cézanne estão em uma taverna quando ela entra fugindo da polícia. Ao ser expulsa pelo dono, é surpreendida pelo convite dos amigos para sentar-se com eles, conseguindo assim escapar de mais uma das surras da polícia. Interessado na triste história da prostituta, Zola a acompanha até seu quarto e ou ve toda a sua história. Daí surge a inspiração para um de seus maiores sucessos: Naná, o livro que o tornou famoso.

Sempre tratando de assuntos polêmicos e que falam não apenas da natureza humana mas também sobre a sociedade e suas doenças, Émile é despedido e acaba chamando a atenção do governo, que começa a persegui-lo. Porém, ao ameaçar escrever um livro sobre a corrupção no governo francês, ele é deixado em paz e segue uma trilha de sucesso.

Anos depois, já casado com Alexandrine e morando em uma grande mansão, Émile recebe a visita de seu amigo Cézanne, ainda pobre e desconhecido, e após um diálogo bastante sincero, onde o amigo lhe diz que ele agora estaria acomodado e era apenas uma sombra do revolucionário que fora, começa a repensar sua vida e carreira. 

Enquanto isso, uma traição é descoberta no Exército francês. Um dos oficiais é um espião e está traindo a França informando os alemães sobre segredos militares. Ao analisar a lista dos oficiais de plantão, o alto escalão do Exército acusa o Capitão Alfred Dreyfuss (Joseph Schildkraut) de traidor. Preso e condenado em um julgamento sem provas concretas, Dreyfuss é humilhado perante a população de Paris e exilado para a Ilha do Diabo, onde deverá cumprir a prisão perpétua.

Anos depois, quando alguns cargos do alto escalão do Exército são trocados, o novo Chefe da Inteligência, Coronel Picquart (Henry O'Neill), descobre que na verdade haviam condenado um homem inocente. Portando provas e evidencias concretas do erro cometido pelo julgamento anterior, ele procura seus superiores, que o mandam guardar segredo afim de proteger a honra do Exercito e o mandam para um posto distante na Africa.

A esposa de Dreyfuss, Lucie (Gale Sondergaard), ainda está buscando por justiça e pela verdade, mesmo anos depois. Após receber de Picquart (agora preso) todas as evidências da inocência de seu marido, ela procura Zola, pedindo que interceda no caso. Zola acaba de receber a notícia que será aceito na Academia de Letras Francesa, e deve agora escolher entre o conforto de seu sucesso ou a luta pelos ideais nos quais sempre acreditou.

Segunda biografia a ganhar o Oscar de Melhor Filme, Émile Zola mostra como um escritor pode influenciar toda uma sociedade. A busca do escritor pela verdade e pela justiça, tanto em sua vida particular quanto em suas obras, é emocionante e nos faz pensar sobre o quanto somos capazes de aguentar na defesa de nossos ideais.

As atuações de Muni e de Schildkraut (que lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante) são impecáveis. Enquanto Muni realizou sua melhor performance (de acordo com alguns críticos, ele só não levou o Oscar pois havia ganhado no ano anterior por seu papel em The Story of Louis Pasteur), Schildkraut se destacou pela dramaticidade. A dor de ser condenado a uma "morte em vida" está nos olhos do ator, e o diretor conseguiu captar com maestria. As cenas do julgamento de Dreyfuss e posteriormente de Zola são daquelas clássicas cenas de tribunais, onde vibramos com cada jogada da defesa e da promotoria. 

Além dos prêmios de Melhor Filme e Melhor Ator Coadjuvante, Émile Zola ganhou ainda Melhor Roteiro, e foi o primeiro filme a ser indicado a 10 prêmios, sendo as outras indicações Melhor Ator, Melhor Diretor, Melhor Direção de Arte, Melhor Diretor Assistente, Melhor Trilha Sonora, Melhor Som e Melhor História Original. Um filme muito interessante, divertido e fácil de assistir. 

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Ziegfeld - O Criador de Estrelas (The Great Ziegfeld) - 1936

Florenz Ziegfeld Jr (William Powell) foi um dos maiores produtores da era dourada da Broadway, se não o maior, no início do século XX. Sua vida é retratada neste filme da MGM dirigido por Robert Z. Leonard que levou o prêmio de Melhor Filme em 1937. Sua história começa a ser contada quando iniciou seu trabalho no show business e ainda trabalhava em uma feira em Chicago promovendo Sandow (Nat Pendleton), o "Homem Mais Forte do Mundo". Vendo sua atração perder espaço para Little Egypt, a dançarina promovida pelo seu concorrente Jack Billings (Frank Morgan), ele consegue reverter a situação quando tem a brilhante idéia de deixar que as mulheres toquem os músculos de Sandow.

Algum tempo mais tarde, encontra Billings novamente em um navio indo para a Europa. Após trocarem algumas palavras, Ziegfeld entende que o rival está indo contratar uma nova estrela para produzir seus shows na América. Contrata então o ajudante do rival e amigo e consegue descobrir o nome da estrela: Anna Held (Luise Rainer). Mais rápido que Billings, e mais astuto, ele consegue entrar em contato com Anna e convence-a a fechar o negócio com ele.

Anna se torna uma grande atração na Broadway, e se apaixona por Ziegfeld e acabam se casando. Algumas situações históricas demonstram o quanto Ziegfeld era esperto para os negócios. Recém contratada por Ziegfeld, Fanny Brice (interpretada por ela mesma) está radiante em seu novo figurino, muito elegante e extravagante. Ao vê-la entrar em cena nos ensaios, Ziegfeld chama os camareiros, manda retirar todos os adereços de seu figurino e coloca um velho xale sobre um vestido simples. Quando a vê chorando e arrasada por não poder usar os lindos figurinos, ela manda que ela cante sua canção. A canção era sobre uma mulher que perdeu seu amado, e, possuída pela emoção, Fanny canta como nunca.

Porém a esperteza do produtor nem sempre consegue livra-lo de seus compromissos financeiros. Megalomaníaco, Florenz acaba por várias vezes falido, e é com a ajuda de Billings que ele consegue sempre se reerguer.

Ele então cria um novo show, The Ziegfeld Follies. Os números vão desde cantores a belas mulheres em coreografias. Os figurinos cada vez mais exuberantes e os cenários fantásticos (ele sempre queria mais degraus em suas escadas) levam Ziegfeld ao sucesso. Porém, sempre rodeado de belas mulheres, Ziegfeld acaba por perder sua esposa e novamente os negócios acabam indo mal. Algum tempo depois, Ziegfeld conhece Billie Burke (Myrna Loy), a mulher que o apoiaria em todos os momentos e com quem se casaria e teria uma filha. A roda gigante de emoções da vida de Ziegfeld vai leva-lo do fundo do poço ao mais alto posto no entretenimento de New York, até que a Grande Crise de 1929 mudaria tudo.

Apesar das mais de três horas de filme, Ziegfeld - O Criador de Estrelas é um musical muito gostoso de se assistir. As histórias e façanhas do produtor nos surpreendem e nos pegamos torcendo e sofrendo com ele quando as coisas não vão tão bem. As cenas reproduzindo seus maiores musicais são fenomenais, com figurinos e cenários impressionantes. A escada em cena na sequencia "A pretty girl is like a melody" é espetacular! Foram necessários meses para a construção do cenário para o filme, e gastos mais de $200.000, muito mais do que Ziegfeld usou para produzir o show completo, segundo antigos contratados dele.
A atuação de Luise Rainer, ganhadora do Oscar de Melhor Atriz pelo filme, é sem dúvida um dos pontos altos do filme. Como a francesa Anna, ela traz a carga dramática ao filme, o que cria um bom contrapeso às engraçadas saídas estratégicas de Ziegfeld. A cena em que ela o congratula pelo seu novo casamento no telefone é uma daquelas que você assiste e pensa "Nossa, ela ganhou o Oscar por causa DESTA cena!". Antológica!

A química entre os atores Powell e Morgan é muito interessante de se notar também. Mesmo os personagens sempre concorrendo um com o outro e disputando os melhores astros e produções, com os atores isso aparentemente não acontecia. Apesar de ambos atuarem muito bem, Morgan (que alguns anos mais tarde ficaria eternizado como o Mágico de Oz) rouba a cena em praticamente todos os encontros entre os dois, que marcaram os principais momentos na carreira de Florenz. A última cena entre eles é de arrepiar.

Para quem gosta de musicais e se interessa em saber como a Broadway se tornou referencia mundial em entretenimento, Ziegfeld - O Criador de Estrelas é um filme indispensável.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O Grande Motim (Mutiny on the Bounty) - 1935

Pelo segundo ano consecutivo, Clark Gable é o protagonista da produção ganhadora de Melhor Filme. O Grande Motim é baseado em um romance (que foi baseado em fatos reais) e nos convida a reviver o maior motim da História, que mudaria para sempre a forma de navegação no mundo. Em 1787, o rei George recruta ingleses à força para missões no mar. Idosos, pais de família e até deficientes são obrigados a embarcar no Bounty. A missão: buscar no Taiti mil mudas de fruta-pão para alimentar os escravos de forma barata nas Índias. Não bastasse a viagem de 2 anos pelo Grande Mar do Sul, o Bounty será conduzido pelo terrível Capitão Bligh (Charles Laughton), cuja fama aterroriza os marujos só ao ouvir mencionado seu nome. À frente do pelotão de recrutamento está o tenente Fletcher Christian (Clark Gable), que assumirá como oficial juntamente com o Capitão e será responsável pela ordem no Bounty.

Ao embarcarem, os marinheiros já tem um aperitivo do que virá a ser sua terrível viagem: um marujo desacatou seu capitão e foi condenado a levar uma dúzia de chibatadas em cada navio atracado no porto. Ao chegar no Bounty, porém, o condenado está morto. Afim de dar o exemplo a todos os seus comandados, o Capitão Bligh manda açoitar o homem mesmo assim. A viagem começa e o Bounty passa a ser mais uma masmorra do que um navio inglês. Cada vez mais cruel e se mostrando corrupto, Bligh mantém a ordem do navio à base do chicote, muitas vezes injustamente. Em um dos episódios, um marinheiro já exausto do trabalho pede água e o Capitão manda que o lancem no mar. Quando é puxado de volta, o marinheiro está morto.

Christian e alguns oficiais, entre eles o cirurgião conhecido como Dr Baco (Duddley Digges), aos poucos começam a demonstrar descontentamento com as ações do Capitão, mas não têm coragem de desafia-lo. Ao se considerar desobedecido em uma ocasião, Bligh manda que o Almirante Roger Byam (Franchot Tone) suba ao alto do mastro principal durante uma tempestade e fique lá até ser liberado do castigo. Fletcher sobe até lá e encontra Byam desacordado. Porém, ao desce-lo, vê-se obrigado a mandar o amigo de volta para o mastro quando o Capitão diz que não deu ordens para que ele descesse.
Ao chegar ao Taiti, o Capitão resolve se vingar de Christian e proíbe que ele desembarque, deixando-o responsável pela preparação do navio para a volta. Em terra, Byam fica  amigo de Hitihiti (William Bambridge), o chefe da ilha. Responsável pela elaboração de um dicionário da língua nativa, ele intercede junto a Hitihiti e consegue que o Capitão libere Christian para desembarcar. Assim que chega à praia, Christian conhece Maimiti (Mamo), e se apaixona por ela. Logo em seguida o Capitão manda chamar Christian de volta ao navio, e com a ajuda de Maimiti, ele manda dizer que não foi encontrado. No dia seguinte, ao voltar para o navio,  Fletcher recebe uma punição do Capitão e a viagem de volta inicia. 

A volta é ainda pior que a ida. Três marujos são acorrentados nos porões do navio pois teriam desembarcado sem permissão. Para regar as mil mudas de fruta-pão, o Capitão Bligh ordena que seja racionada a água aos marinheiros. Ao convocar toda a tripulação para um anuncio, o Capitão é informado de que Dr Baco não poderia comparecer pois se encontrava muito doente. Bligh obriga Byam a ir buscar o médico, e ao constatar que ele não tem condições, Byam volta para dizer que ele tomou a liberdade de deixar o médico descansando. Sabendo do gênio do Capitão, o cirurgião sobe ao convés e acaba morrendo, exaurido de suas forças. Christian desce aos porões para pegar uma arma e ve que os prisioneiros estão sem água. É a gota d'água, e ele decide então liderar o motim.

Em maioria, os amotinados conseguem dominar o navio e, proibidos por Christian de cometer qualquer violência contra o Capitão, colocam ele e os tripulantes fieis a ele em um bote, com comida, água e uma bússola, deixando-os à deriva há 3500 milhas da terra firme. Agora é a hora do Capitão Bligh comprovar sua capacidade de liderar uma tripulação, do Tenente Fletcher Christian mostrar que pode controlar seus amigos amotinados sem o título de capitão e de Byam provar sua lealdade a Christian.

Filmado na Polinésia Francesa e na costa americana, O Grande Motim traz dois grandes atores em um duelo de interpretações incrível. Na pele do cruel capitão, Laughton mostrou uma interpretação perfeita, despertando a revolta até nos espectadores. Dizem que a perfeição de sua atuação se deve ao fato de suas próprias comparações com o galã Clark Gable. Baixinho, acima do peso e com feições nada atraentes, ele teria se sentido diminuido ao lado de Gable, mais bonito do que nunca sem o seu famoso bigodinho (raspado exclusivamente, e a contra-gosto do ator, para as gravações do filme, uma vez que na época os marinheiros ingleses deviam estar totalmente barbeados). Laughton assim teria caprichado além do normal na interpretação, afim de compensar a beleza física do colega de filmagens. Não é a toa que ambos, além de Tone, foram indicados a Melhor Ator, sem, porém, nenhum dos dois ganha-lo. O Capitão Bligh de Laughton é considerado até hoje um dos grandes vilões do cinema.

Apesar de ter ganhado apenas o prêmio de Melhor Filme, tendo sido indicado a várias outras categorias, O Grande Motim foi um dos maiores sucessos de sua época, trazendo muito retorno financeiro para a MGM, tornando-se o terceiro filme do estúdio a ganhar o premio. Foi também o segundo filme dirigido por Frank Lloyd a levar a estatueta. As cenas do motim e do naufrágio são incrivelmente boas para a época, trazendo toda a tensão necessária para a tela. Vários remakes do filme já foram feitos, entre eles um em 1962 com Marlon Brando no papel de Fletcher e um em 1984 com Mel Gibson no papel do amotinado e Anthony Hopkins como o Capitão Bligh.


sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Aconteceu Naquela Noite (It Happened One Night) - 1934

Olá pessoal! Semana passada tive uma viagem e fiquei sem postar, então esta semana serão dois posts. O primeiro é sobre Aconteceu Naquela Noite, filme de Frank Capra que ganhou o prêmio máximo da Academia em 1934. O filme começa com a jovem Ellie Andrews (Claudette Colbert) discutindo com seu pai, Alexander Andrews (Walter Connoly). Ela havia casado há poucos dias e ainda no cartório foi praticamente sequestrada pelo pai, que era contra o casamento e principalmente contra o noivo, King Westley (Jameson Thomas). Eles estão agora em um barco, onde Ellie faz greve de fome para que o pai a deixe voltar para o marido. Ao ver negado seu pedido, Ellie se joga ao mar e consegue escapar e pegar um ônibus para New York
Andrews coloca todos atrás da filha, da polícia a detetives particulares, sem nenhum sucesso. Ellie embarca e no ônibus conhece Peter Warne (Clark Gable), um jornalista com maneiras rudes e bastante sincero. Em uma das paradas, Ellie tem sua mala roubada e Peter tenta alcançar o ladrão, sem sucesso. Todo seu dinheiro estava lá. Quando Peter diz que vai conversar com o motorista para que seja reembolsada, Ellie se desespera e acaba parecendo mal agradecida. Na próxima parada, a mimada Ellie pede que o motorista a espere voltar de um hotel. Quando volta, o ônibus já partiu, mas para sua sorte, Peter a está aguardando. Enquanto ela foi ao hotel, ele descobriu quem ela é, e pretende conseguir seu emprego de volta contando a fantástica história da fuga da rica garota e seu reencontro com o marido.

Quase sem dinheiro, os dois conseguem alugar um quarto e terão que passar por marido e mulher. Para maior privacidade, Peter divide o quarto com um cobertor, ao qual chama "as muralhas de Jericó". Numa das cenas mais engraçadas do filme, ele começa a se despir na frente dela, explicando que cada homem tem sua própria maneira de faze-lo. 

A partir daí, cada momento dessa viagem começa a ser mais complicado e mais interessante, e entre caronas (a famosa cena de Colbert conseguindo carona após mostrar as pernas acontece neste filme) e até carros roubados, os dois começam a perceber que um não é tão insuportável quanto o outro imagina.

Aconteceu Naquela Noite foi o primeiro filme a ganhar os Cinco Grandes Prêmios, ou seja, os grandes prêmios da Academia (Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator, Melhor Atriz e Melhor Roteiro Adaptado). Foi também o primeiro a ganhar todas as categorias às quais fora indicado. 
Colbert, que não queria participar do filme e só aceitou depois de ter seu salário dobrado, não gostou do filme finalizado e não pretendia comparecer à cerimônia de entrega pois iria viajar. Ao saber que havia recebido o prêmio, correu para o teatro usando a roupa que viajaria. 
Conta a lenda que Clark Gable tinha um contrato com a MGM, que concordou em emprestar seu astro à Columbia como um castigo pelas constantes recusas aos roteiros da companhia. Apesar de novas biografias do astro terem desmentido tal história, essa é a versão mais charmosa dos acontecimentos. Ele voltou à MGM como um astro muito maior, e a partir de então foi conhecido como "The King of Hollywood".
O criador dos Looney Tunes, Friz Feleng, afirmou em sua biografia não publicada que Aconteceu Naquela Noite era seu filme preferido, e que o Pernalonga possui muitas características de Peter Warne e outros personagens do filme. O personagem Pepe LePew teria sido inspirado em King Westley.

Apesar de desacreditado até mesmo por sua estrela, a Columbia ganhou seu primeiro Oscar de Melhor Filme com uma comédia romântica muito interessante e gostosa de assistir. Dentre todos os filmes que já escrevi sobre aqui no Claquete Dourada, esse com certeza é o melhor de todos! Não é a toa que até hoje é considerado um dos melhores filmes da história do cinema!

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Cavalgada (Cavalcade) - 1933

É véspera de Ano Novo em Londres. Ano Novo e Novo Século!  Jane e Robert Marryot (Diana Wynyard e Clive Brook) são um casal inglês que acaba de chegar das festas na rua para comemorar a entrada do Século XX em casa. O casal é recebido em casa pelos empregados, Ellen e Alfred Bridges (Una O'Connor e Herbert Mundin). Logo decidem permitir que os filhos Edward e Joey também participem das comemorações. Apesar do clima festivo, Ellen e Jane estão aflitas. Os maridos em breve partirão para defender a Inglaterra na Guerra dos Boers, na África do Sul. Embora confiantes no retorno, a despedida dos maridos é difícil. A amiga de Jane, Margareth (Irene Browne), traz sua filha Edith para brincar com os meninos enquanto as esposas dos soldados vão ao porto para a despedida. Uma apoia a outra quando o navio parte, com os soldados cantando de mãos dadas.
Anos se passam e ao voltarem da guerra, Alfred traz uma boa notícia: adquiriu de um outro soldado um comércio, e pretende agora ser seu próprio patrão, com o apoio de Robert. Eles então se mudam para a nova casa, levando sua filha Fanny. Os homens então são colocados a par dos últimos acontecimentos na cidade: a Rainha Victória está muito doente, quase morrendo. Alguns dias depois, eles podem acompanhar o cortejo da sacada de sua casa.
Os anos passam novamente e Edward (John Warburton) e Edith (Margaret Lindsay) estão cada vez mais próximos. Jane e Margareth percebem então que ali há mais do que amizade. Os "amigos" procuram um local mais reservado e então trocam juras de amor. Ao longe veem passar um navio, e planejam então passar sua lua-de-mel em um cruzeiro. No maior cruzeiro que já existiu. Depois de um longo e tocante diálogo sobre eternidade, morte e amor eterno, já a bordo do navio, os apaixonados trocam juras de amor e desejam que aquela felicidade dure para sempre. Eles, infelizmente, estão a bordo do Titanic.
A Primeira Guerra Mundial é anunciada alguns anos depois, e Robert e seu filho Joe (Frank Lawton) partem novamente para o conflito. Jane mais uma vez sofre. Enquanto isso, Fanny (Ursula Jeans) se torna uma dançarina famosa. Mais uma vez o destino das famílias Marryot e Bridges irão se cruzar novamente, mais uma vez marcadas pelo amor e pela morte.
Cavalgada foi o primeiro filme dos estúdios Fox a ganhar um Oscar de Melhor Filme. Além do prêmio máximo da Academia, o filme levou o Oscar de Melhor Fotografia e o diretor Frank Lloyd recebeu o Oscar de Melhor Diretor. Diana Wynyard foi indicada a Melhor Atriz. Foi o segundo filme mais popular nos EUA em 1933, e obteve uma boa bilheteria. Baseado em uma peça da Broadway de Noel Coward, utilizou várias canções do musical, entre elas a belissima "Twentieth Century Blues".

Infelizmente, é bastante difícil encontrar o filme, está praticamente perdido. Foi lançado apenas numa coletânia, nunca sendo lançado individualmente.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Grande Hotel (Grand Hotel) - 1932

Os maiores astros da MGM reunidos no mesmo filme. Várias histórias se cruzando até um final espetacular. Muitos personagens aleatórios convergindo para o mesmo destino. Assim é Grande Hotel! Dirigido por Edmund Goulding e vencedor da 5ª edição dos Oscars. Até então, apenas grandes produções haviam vencido, e Grande Hotel veio se mostrar totalmente diferente. Todas as características descritas acima eram novidades no cinema até então.

Na trama, como dito, vários personagens são apresentados ao espectador. Greta Garbo é a dançarina Grusinskaya, sempre muito melancólica, dramática e até irresponsável com seus compromissos. John Barrymore é o Barão Von Geinger, um hóspede muito elegante e simpático que socializa com os outros hóspedes muito bem, mas guarda um segredo que poderia por em risco sua estadia no hotel. Preysing (Wallace Beery) é um importante empresário que contrata a jovem Flaemmchen (Joan Crowford) como estenógrafa, mas com segundas intenções. O irmão de John, Lionel Barrymore, interpreta Otto Kringelein, empregado de Preysing que, após ser diagnosticado com uma doença fulminante e saber que tem poucos dias de vida, se hospeda no melhor hotel da cidade para viver como rico seus últimos dias. Quando suas histórias começam a se cruzar, intermediadas pelo dia a dia de um famoso e movimentado hotel, as cenas vão ficando mais emocionantes até atingir o clímax do final. 

Em uma das cenas mais interessantes, o Doutor Otternschlag (Lewis Stone) - médico do hotel - diz que o hotel é um mundo futil, onde as pessoas entram e saem, dormem nas camas uns dos outros, num ir e vir constante. A frase provavelmente se compara à vida em si, onde encontramos tantos personagens o tempo todo e alguns vão e são substituidos em seguida por outros, e assim constantemente. Outro detalhe que traz para o filme a sensação de que tudo é passageiro são as cenas com as telefonistas, com as dezenas de ligações ao mesmo tempo.

Como poderia se esperar, juntar grandes estrelas no mesmo filme era um risco tanto para a produção quanto para a bilheteria. Até então os estúdios utilizavam apenas uma de suas estrelas para baratear o filme e lucrar mais nas bilheterias. Mesmo juntando 5 de suas grandes estrelas, Grande Hotel foi uma das melhores bilheterias da MGM. 

A batalha entre as divas era previsível, mas evitável. Não há nenhuma cena de Garbo e Crawford juntas. O medo é que uma tentasse brilhar mais que a outra e os egos se inflamassem. Cenas adicionais de Garbo foram introduzidas depois das primeiras previews para evitar que Joan Crawford abandonasse a produção. Durante as gravações, conta-se que ao se cruzarem, Crawford tentava cumprimentar Garbo com um "Hello, Miss Garbo" e nunca era respondida. Desistiu de tentar. Depois de se cruzarem algumas vezes em silêncio, Greta Garbo perguntou a ela "Você não teria nada a me dizer?".

Por falar em citações, é nesse filme que Garbo diz uma de suas maiores citações: "I want to be alone" ("Eu quero ficar sozinha").

Grande Hotel foi uma das poucas produções a ganhar o prêmio de Melhor Filme sem ter sido indicada em nenhuma outra categoria.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Cimarron (Cimarron) - 1931

Cimarron é uma adaptação de 1931 para o livro homônimo de Edna Ferber. A RKO Pictures escalou Wesley Ruggles para dirigir o primeiro e por muito tempo único (o próximo seria Dança com Lobos em 1990) Faroeste a ganhar o Oscar de Melhor Filme.

O filme conta a história de Yancey Cravat (Richard Dix), um jornalista americano empreendedor e bastante inconsequente do final do século XIX. Quando o governo abre as fronteiras do que se tornaria o estado de Oklahoma para que fosse povoado por quem quisesse se aventurar por um lugar tão inóspito, Cravat deixa sua mulher Sabra (Irene Dunne) e filho para trás afim de conseguir um bom pedaço de terra onde poderiam viver, ganhar a vida e finalmente sair da casa da família da esposa.

Na corrida pelas terras, Yancey acaba encontrando velhos conhecidos, que estranham a vida agora pacata e familiar dele. Enquanto comemora com os amigos sua volta às aventuras, Yancey conhece Dixie Lee (Estelle Taylor), uma mulher corajosa que, afim de pegar o melhor pedaço de terra (também escolhido por Cravat), passa-lhe a perna sem qualquer escrúpulo.

Yancey retorna para sua casa no Kansas para buscar sua família e se mudarem para a então muito promissora cidade de Osage. Sua mulher Sabra, apesar de muito relutante, resolve segui-lo, e o jovem empregado Isaiah (Eugene Jackson) também, porém escondido. Ao chegar na nova cidade, Yancey decide assumir o jornal local, e sua primeira grande história deve ser o assassinato do jornalista que o antecedera. Aos poucos, Yancey começa a se destacar na cidade, o que causa inveja no grande bandido do lugar, Lon Yountis (Stanley Fields). Na cena mais confusa do filme, ao ser convidado para assumir a palavra no primeiro culto da cidade, Cravat aproveita para desmascarar o vilão, culpando-o pelo assassinato do colega. Os dois acabam trocando tiros e o vilão morre.

Os anos se passam e a sociedade começa a tomar forma na cidade. Antes quase desabitada, agora Osage é uma grande cidade. Dixie Lee, agora conhecida por todos por ser prostituta, vai a julgamento e ninguém quer defende-la. Defensor das minorias e muito justo, Yancey decide defende-la e acusa a própria sociedade machista de não tê-la dado nenhuma outra escolha. Lee é absolvida por unanimidade pela corte.

Nas idas e vindas atrás de mais terras (Yancey não era um homem de criar raízes), ele acaba deixando sua esposa e filhos atrás de mais aventuras. Enquanto isso, Sabra toma conta do jornal e da casa, ganhando notoriedade como cidadã de Osage. A descoberta do petróleo na região faz Yancey partir novamente, deixando para trás a família e correndo atrás de seu destino.

Cimarron é conhecido por ser um dos grandes erros da Academia. Apesar de ter sido o primeiro filme a concorrer em todos os Cinco Grandes Prêmios (Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Ator e Melhor Atriz), o filme é bastante chato e merece tal fama. A narrativa é superficial, sem muitas explicações e coerência sobre os fatos que vão se desenrolando na tela. Richard Dix é o ator mais canastrão que já vi em um filme, tornando seu personagem caricato e enjoativo. Ele foi um dos poucos atores da era muda a continuar famoso depois do advento dos talkies, o que talvez explique suas expressões tão exageradas.

O que salva a produção do fracasso total é a interpretação de Dunne, que aparentemente se aproveita da falta de talento do colega para brilhar ainda mais. Destaque também para o jovem Eugene Jackson, que por muitas vezes rouba a cena no papel do jovem empregado negro. Porém, isso não foi o bastante para a RKO Pictures não amargar um prejuízo grande na época do lançamento. Apesar de ganhador do premio de Melhor Filme, Melhor Direção de Arte e Melhor Roteiro Adaptado, o filme foi um fracasso por conta do alto valor investido (a cena da corrida pelas terras levou uma semana para ser gravada e contou com mais de 5.000 extras) e da Grande Depressão

Foi relançado em 1935, o que ajudou a recuperar quase totalmente o valor investido. O filme ainda contou com indicação a Melhor Fotografia e ganhou um prêmio especial pela maquiagem. Um remake foi feito em 1960 pela MGM.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Resultado da Promoção Claquete Dourada & Paris Filmes

Boa tarde pessoal!

Realizei o sorteio entre as pessoas que twittaram a frase e o resultado foi este:
Nenhum dos três primeiros perfis seguiram a primeira regra da promoção, que era seguir o Claquete Dourada. Sendo assim a vencedora é a @lou_loub (Luciana Leal)!

Para o segundo par de ingressos, dei a cada pessoa que comentou um número, na ordem em que os comentários foram feitos, ficando da seguinte maneira:

1. Solange Moreira
2. Carla Adriana
3. Evelyn Almeida
4. Fernando Coelho
5. Frank Miranda

O sorteio foi realizado através do random.org e o resultado foi este:
Parabéns Solange! Você ganhou o segundo par de ingressos pra curtir Além da Liberdade.

Se você participou e não levou dessa vez, fique tranquilo que em breve teremos mais promoções aqui no blog! Muito obrigado a todos os participantes!

Parabéns à Luciana e à Solange! Vou entrar em contato com vocês pelo twitter. 

Até a próxima!