De acordo com alguns críticos atuais e da época, a adaptação
da peça de Shakespeare para o cinema feita por Sir Laurence Olivier é a melhor
já realizada. A peça tem duração de 4 horas, mas o filme tem “apenas” duas
horas e meia, à custa de vários cortes, inclusive de personagens importantes, o
que gerou uma série de críticas pelos fãs do dramaturgo inglês. O filme foi o segundo
dirigido pelo ator, a primeira versão da peça para o cinema, o único dirigido
por ele a ganhar o prêmio máximo da Academia e única adaptação de Shakespeare a
levar o mesmo prêmio.
Fora tudo isso, o filme é bastante chato, não posso negar.
Estava bastante ansioso por ver o famoso Hamlet nas telas, ainda mais com
Olivier na pele do Príncipe da Dinamarca. Mas a linguagem datada, o tamanho do
filme e a interpretação realmente exagerada de Olivier me deixaram bastante
decepcionado. E olha que ele também ganhou
o Oscar de Melhor Ator, o único de sua carreira (fora os dois honorários).
A história começa com Hamlet sendo contactado pelo espírito
de seu pai, o Rei Hamlet (voz do próprio Laurence), que lhe conta que foi
assassinado pelo próprio irmão, o Rei Claudius (Basil Sydney) e traído por sua
esposa, a Rainha Gertrude (Eileen Herlie). Os dois se casaram apenas dois
meses após a morte do Rei, o que deixou Hamlet inconformado. Em honra à memória
de seu pai, o jovem príncipe acaba abrindo mão de seu grande amor, Ophelia
(Jean Simmons), e ganha fama de louco para levar até o fim seu plano de
vingança.
Os pontos fortes do filme são a interpretação de Jean
Simmons, principalmente nas cenas de loucura da personagem que lhe renderam a
indicação a Melhor Atriz Coadjuvante, e de Eileen Herlie, que na época tinha
apenas 28 anos (Olivier, seu filho no filme, tinha 40).
A fotografia é bem interessante, com técnicas de
profundidade que estavam apenas começando a serem usadas naquela época, e que
renderam a estatueta de Melhor Direção de Arte em Preto-e-Branco. O diretor
explicou que filmou em preto-e-branco para maior dramaticidade.
Outra parte muito legal é a cena do duelo, muito bem
coreografada. A cena em que Hamlet se precipita sobre o Rei, saltando de um
lugar mais alto, foi a última a ser gravada, pois temia-se que ele se
machucasse e não pudesse concluir as filmagens. Ele saiu ileso, mas o dublê que
fazia o rei perdeu dois dentes e desmaiou com o impacto.
Já os pontos fracos são a interpretação do próprio Olivier
que foi, como eu disse, exagerada. Não me entendam mal: não é uma interpretação
ruim, só acho que ele acabou ficando caricato e forçado, quase que tentando
provar que ótimo ator ele era, como se ele precisasse disso.
Considerado por
muitos o melhor ator do Século XX, acredito que se ele tivesse sido mais
natural o resultado teria sido muito melhor. Sinto-me até desconfortável em
criticar Olivier, um dos atores que mais gosto, mas realmente foram essas as
minhas impressões.
Hamlet foi o primeiro filme inglês a ganhar o Oscar de
Melhor Filme. Além dos prêmios já citados, ele ainda venceu na categoria Melhor
Design (Figurino) em Preto-e-Branco. Olivier ainda dirigiu mais duas adaptações
de Shakespeare, Henry V e Richard III , considerados pela crítica muito
melhores que este.
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