sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Os Melhores Anos de Nossas Vidas (The Best Years of Our Lives) - 1946

O ano de 1946 foi marcado pela volta dos combatentes da Segunda Guerra Mundial à sua vida de civis. Como era de se esperar, não foi um retorno dos mais fáceis. Os Melhores Anos de Nossas Vidas retratou perfeitamente o sofrimento psicológico desses homens, e talvez esse seja o motivo do filme ter sido a maior bilheteria da época nos Estados Unidos e no Reino Unido.

Al Stephenson (Fredric March), Fred Derry (Dana Andrews) e Homer Parrish (Harold Russell) se conhecem no vôo que os leva de volta para casa. Tendo cada um uma experiência diferente durante a guerra, os três compartilham da saudade de casa e da esperança de tempos melhores que estão por vir. Começava ali uma grande amizade.
Assim que desembarca, Fred se dirige à casa dos pais à procura de sua esposa, Marie (Virginia Mayo). Ao descobrir que a esposa agora é uma garçonete em uma casa noturna e não demonstra nenhum interesse em permanecer casada, Fred procura salvar seu casamento procurando um emprego onde consiga manter os luxos da esposa. Com dificuldade em arrumar trabalho, ele acaba voltando a ser um balconista de farmácia, o que leva seu casamento a uma crise ainda pior.

Al retorna ao seu antigo trabalho no banco. Com um cargo de confiança, ele enfrenta problemas quando começa a ajudar veteranos aprovando suas propostas de empréstimo sem qualquer garantia. Não bastando os problemas profissionais, ele ainda se sente um estranho ao voltar para seu lar, apesar dos esforços de sua esposa Milly (Mirna Loy) e de sua filha Peggy (Teresa Wright) em fazê-lo sentir-se confortável em sua própria casa.

Homer, que perdeu as duas mãos durante um incêndio, se encontra cada vez mais envergonhado de suas próteses em forma de gancho. Apesar de já ser praticamente independente, Homer não consegue esconder a vergonha de precisar de ajuda para executar algumas tarefas simples, como abotoar uma camisa ou segurar um copo de vidro. Ele também não acredita que sua noiva, Wilma (Cathy O'Donnell), ainda o ame, achando que ela sente apenas pena dele.

A vida dos três amigos se encontra cada vez mais complicada, cada um enfrentando o retorno à vida civil à sua maneira. Após um encontro em um bar, suas histórias se tornam cada vez mais entrelaçadas, e a amizade que se forja será essencial para que eles possam dar os primeiros passos em suas novas vidas.

Quando decidiu fazer um retrato do regresso dos veteranos, o produtor Samuel Goldwyn contratou o correspondente de guerra MacKinley Kantor para fazer um relato, o que acabou se tornando o livro "Glory for Me". Ele então contratou o roteirista Robert Sherwood para fazer a adaptação que levaria o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado.

O diretor William Wyler utilizou suas próprias experiências na guerra para trazer realidade ao filme. Para ajudar ainda mais no clima verossímil, todos os membros da equipe contratada para a realização do filme era de ex-combatentes da Segunda Guerra Mundial. Seu trabalho lhe rendeu o Oscar de Melhor Diretor pelo longa.

Wyler tinha visto um documentário onde Harold Russell aparecia, mostrando sua adaptação às próteses. Mesmo ele não sendo um ator profissional, o diretor insistiu para te-lo no papel de Homer Parrish, o que levou o estreante a ser o primeiro e único ator a ganhar dois Oscars pelo mesmo papel. Quando foi indicado ao prêmio de Melhor Ator Coadjuvante, a Academia achou que ele nunca ganharia, então decidiu dar a ele um Oscar Honorário pelo apoio e coragem que o papel daria aos veteranos. O que eles não esperavam é que Russell ganharia o prêmio de Coadjuvante, ficando para sempre registrado na história da premiação.

Apesar da participação relativamente pequena, Mirna Loy, como sempre, é um dos destaques do longa. No papel da esposa de Al, Loy consegue transmitir a angústia das esposas que, apesar da saudade, não reconheciam mais seus amados quando eles retornavam tão mudados após as experiências de guerra. Não é a toa que ela era a maior estrela de cinema da época! Fredric March levou o prêmio de Melhor Ator, mas a meu ver Dana Andrews se destacou muito mais em sua performance.
O filme ainda ganhou a estatueta da Academia em mais duas categorias (Melhor Trilha Sonora e Melhor Edição).

Apesar de ter sido um filme bastante importante na época, Os Melhores Anos de Nossas Vidas não é um daqueles filmes que gostaríamos de rever várias e várias vezes. Vale, obviamente, pelo retrato um tanto quanto fiel da época.

Um comentário:

  1. UM filme incrível e, aqui me permita discordar de seu texto, para ser visto muitas vezes pois, traça o perfil familiar e também o perfil do soldado, que ao retornar de uma guerra, tenta se recolocar em seu cotidiano, lidando com seus traumas, desconfianças e medos. Filmaço.

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