sexta-feira, 20 de julho de 2012

A Melodia da Broadway (The Broadway Melody) - 1929



Em 1930 foi a vez da MGM levar o grande prêmio da Academia. A Melodia da Broadway, dirigido por Harry Beaumont, conta a história de duas irmãs, Hank (Bessie Love) e Queenie Mahoney (Anita Page), que tentam a sorte na cidade grande. Com um número musical já famoso em sua pequena cidade natal, elas vão para a Broadway tentando alcançar o estrelado. Elas contam com a ajuda de Eddie Kearns (Charles King), antigo namorado de Hank, que já é um cantor e compositor famoso. Ele acaba de compor um novo número musical, The Broadway Melody, e ve na estréia a possibilidade de lançar a namorada e sua irmã.
Quando no teste as duas são reprovadas por conta de uma sabotagem, Hank toma a liderança e tenta acertar as coisas "do seu jeito". Queenie, por outro lado, aproveita uma oportunidade no meio da confusão e convence Francis Zanfield (Eddie Kane), o produtor do show, a liberar a participação das duas. Como sabe que a irmã é quem toma conta de tudo, Queenie pede ao produtor que não diga a ele que foi um pedido dela. Hank procura o produtor e ele autoriza a participação das Irmãs Mahoney.

Durante o ensaio final, o produtor muda de idéia e no meio da apresentação manda que as duas deixem o palco. Um acidente com uma outra dançarina faz com que Queenie a substitua, e chama a atenção de todos por sua beleza. Incomodada de início por não ter conseguido levar sua irmã consigo para o estrelato, Queenie aos poucos começa a agir de maneira estranha, correspondendo às investidas de Jock Warriner (Kenneth Thomson), um playboy da sociedade de Nova York, e se tornando cada vez mais fútil.
Quando Hank e Eddie tentam descobrir o que acontece com a garota, ela se torna cada vez mais arredia. À medida que tudo vai se esclarecendo, Hank tem que agora decidir o que é mais importante para si mesma: a felicidade de sua irmã ou a sua própria felicidade?

Merece um comentário a atuação impecável de Bessie Love no papel da irmã superprotetora, o que rendeu a ela a indicação a Melhor Atriz. Destaque também para Jed Prouty no papel de tio das meninas. Gago, ele traz leveza e humor para o filme, e certamente mereceria uma indicação a Ator Coadjuvante.

Apesar das várias cenas muito parecidas (os embates de Queenie e Eddie), o filme é muito gostoso de se assistir. A trilha sonora é muito interessante, e os números musicais são bastante divertidos. A cena onde as irmãs mostram seu número pela primeira vez e são boicotadas por uma dançarina invejosa é hilária!
Outra coisa interessante é perceber os costumes da época. Não só as irmãs se beijavam na boca sempre, como o namorado de uma beijava a outra também na boca, naturalmente.

Uma versão muda do filme também foi lançada, pois muitas salas de cinema ainda não possuiam sistema de som, sendo a trilha sonora tocada ao vivo pelas orquestras. Sendo assim, pode-se dizer que A Melodia da Broadway também foi o primeiro (e acredito que único) musical mudo!
O filme trouxe grandes avanços tecnológicos para o cinema. Uma das sequências foi gravada em Technicolor de duas cores (verde e vermelho). Na época, alguns filmes já utilizavam a técnica para dar cor aos filmes. Porém, por se tratar de um musical (primeiro musical a ganhar um Oscar, primeiro filme totalmente falado da MGM e o primeiro de muitos da "Era dos Musicais" da MGM), o filme foi feito como um "teste", pois não se sabia qual seria a resposta do público a um musical no cinema. Sendo assim, o filme foi gravado sem muitos recursos, para evitar uma grande perda financeira para o estudio. Toda a sequencia em technicolor não existe mais, apenas a versão em preto e branco.
A tal sequencia em technicolor, chamada de "O casamento da boneca pintada", causou tamanho impacto nos produtores que eles resolveram regravá-la bem mais produzida. Como seria muito caro contratar novamente os dançarinos E a orquestra, eles resolveram que os dançarinos fariam novamente sua coreografia e depois, no laboratório, utilizariam a mesma trilha sonora da gravação anterior. Surgia assim o playback, que foi utilizado como padrão nos musicais seguintes.
Os compositores Nacio Herb Brown e Arthur Freed foram contratados para fazer a trilha sonora. Foi a primeira vez que uma trilha sonora foi totalmente composta para um filme.  Freed tornou-se depois um dos produtores da MGM, sendo responsável inclusive pelo maior de seus musicais, Cantando na Chuva de 1952.
O filme brinca com os nomes de alguns personagens. O produtor dos shows, Francis Zanfield é uma menção clara a Florenz Segfeld Jr (o produtor mais famoso da Broadway na época) e o playboy Jock Warriner é uma provocação a Jack L. Warner, chefão da Warner Bros, principal concorrente da MGM na época.

O filme foi o primeiro a produzir sequencias. Apesar de não darem sequencia à história original, outros três filmes com o mesmo tema foram lançados, com o mesmo nome inclusive (The Broadway Melody of 1936, The Broadway Melody of 1938 e The Broadway Melody of 1940). A própria MGM fez um remake, em 1940, com título de Duas Garotas na Broadway (Two Girls on Broadway, 1940).
O filme ainda foi indicado na categoria Melhor Diretor, sendo um dos poucos filmes até hoje que ganharam Melhor Filme sem levar nenhuma outra estatueta em qualquer outra categoria.

Fontes: Youtube, TCM, IMDB, Wikipedia.

2 comentários:

  1. Um verdadeiro banho de cultura cinematográfica!!! Li os posts e estou encantado!!! Continue postanto Tato! Já tem um leitor fiel! Vou até assinar os feeds!

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  2. Anita Page é uma das minhas musas, aquele a quem amo de paixão e que me espelho sempre. Adoro esta menina! Encantada com sua resenha...
    Bessie Love é fenomenal! enfim...Tudo me fascinou na sua matéria.

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