sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Émile Zola (The Life of Émile Zola) - 1937

Émile Zola foi um dos maiores escritores da França do século XIX. Precursor e fundador do Naturalismo, Zola mostrou durante sua carreira que não se intimidava pelas autoridades da época, o que ficou claro na cinebiografia da Warner Bros intitulada Émile Zola, dirigida por William Dieterle, em 1937.

O filme começa com o escritor (Paul Muni) dividindo um pequeno quarto com o pintor Paul Cézanne (Vladimir Sokoloff) em Paris. O quarto é tão simples que Émile está preenchendo os vãos das janelas com trapos, afim de diminuir o frio. Batidas na porta e os amigos pensam ser o dono do quarto, cobrando o aluguel. Émile finge estar doente pois ambos não tem dinheiro para pagar. No entanto são a mãe e a noiva de Émile, Alexandrine (Gloria Holden), com boas notícias: conseguiram para ele um emprego em uma livraria.

Zola já havia publicado alguns livros, mas ainda estava longe de alcançar a fama. De forma inusitada, ele conhece uma prostituta (Erin O'Brien Moore) que mudaria sua vida. Ele e Cézanne estão em uma taverna quando ela entra fugindo da polícia. Ao ser expulsa pelo dono, é surpreendida pelo convite dos amigos para sentar-se com eles, conseguindo assim escapar de mais uma das surras da polícia. Interessado na triste história da prostituta, Zola a acompanha até seu quarto e ou ve toda a sua história. Daí surge a inspiração para um de seus maiores sucessos: Naná, o livro que o tornou famoso.

Sempre tratando de assuntos polêmicos e que falam não apenas da natureza humana mas também sobre a sociedade e suas doenças, Émile é despedido e acaba chamando a atenção do governo, que começa a persegui-lo. Porém, ao ameaçar escrever um livro sobre a corrupção no governo francês, ele é deixado em paz e segue uma trilha de sucesso.

Anos depois, já casado com Alexandrine e morando em uma grande mansão, Émile recebe a visita de seu amigo Cézanne, ainda pobre e desconhecido, e após um diálogo bastante sincero, onde o amigo lhe diz que ele agora estaria acomodado e era apenas uma sombra do revolucionário que fora, começa a repensar sua vida e carreira. 

Enquanto isso, uma traição é descoberta no Exército francês. Um dos oficiais é um espião e está traindo a França informando os alemães sobre segredos militares. Ao analisar a lista dos oficiais de plantão, o alto escalão do Exército acusa o Capitão Alfred Dreyfuss (Joseph Schildkraut) de traidor. Preso e condenado em um julgamento sem provas concretas, Dreyfuss é humilhado perante a população de Paris e exilado para a Ilha do Diabo, onde deverá cumprir a prisão perpétua.

Anos depois, quando alguns cargos do alto escalão do Exército são trocados, o novo Chefe da Inteligência, Coronel Picquart (Henry O'Neill), descobre que na verdade haviam condenado um homem inocente. Portando provas e evidencias concretas do erro cometido pelo julgamento anterior, ele procura seus superiores, que o mandam guardar segredo afim de proteger a honra do Exercito e o mandam para um posto distante na Africa.

A esposa de Dreyfuss, Lucie (Gale Sondergaard), ainda está buscando por justiça e pela verdade, mesmo anos depois. Após receber de Picquart (agora preso) todas as evidências da inocência de seu marido, ela procura Zola, pedindo que interceda no caso. Zola acaba de receber a notícia que será aceito na Academia de Letras Francesa, e deve agora escolher entre o conforto de seu sucesso ou a luta pelos ideais nos quais sempre acreditou.

Segunda biografia a ganhar o Oscar de Melhor Filme, Émile Zola mostra como um escritor pode influenciar toda uma sociedade. A busca do escritor pela verdade e pela justiça, tanto em sua vida particular quanto em suas obras, é emocionante e nos faz pensar sobre o quanto somos capazes de aguentar na defesa de nossos ideais.

As atuações de Muni e de Schildkraut (que lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante) são impecáveis. Enquanto Muni realizou sua melhor performance (de acordo com alguns críticos, ele só não levou o Oscar pois havia ganhado no ano anterior por seu papel em The Story of Louis Pasteur), Schildkraut se destacou pela dramaticidade. A dor de ser condenado a uma "morte em vida" está nos olhos do ator, e o diretor conseguiu captar com maestria. As cenas do julgamento de Dreyfuss e posteriormente de Zola são daquelas clássicas cenas de tribunais, onde vibramos com cada jogada da defesa e da promotoria. 

Além dos prêmios de Melhor Filme e Melhor Ator Coadjuvante, Émile Zola ganhou ainda Melhor Roteiro, e foi o primeiro filme a ser indicado a 10 prêmios, sendo as outras indicações Melhor Ator, Melhor Diretor, Melhor Direção de Arte, Melhor Diretor Assistente, Melhor Trilha Sonora, Melhor Som e Melhor História Original. Um filme muito interessante, divertido e fácil de assistir. 

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